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segunda-feira, 25 de junho de 2007

Nas ruas da amargura

Esta "coisa" em que vivemos é uma enjoativa mistura de impessoalidades e desencontros. A geração "rasca". Ou será desen"rasca"? Pois é.
Já nos anos 60-70, os hippies lutavam por convicções políticas (secalhar um bocadinho inconscientes), paz e um mundo (relativamente) melhor - não obstante os seus charrinhos ocasionais.
Nos anos 80, a música tinha um propósito reinvindicativo lógico e subentendido. E os anos 90? Afundaram-se. E foi em terra. Estão na rua da amargura. Esqueceram-se de viver.


" Isso resolve-se com um Xanax.
Vai jogar playstation, comprei-te um jogo novo.
Consegui, já tenho o portátil mais caro do mercado! (comprei-o a crédito e não vou conseguir pagá-lo antes de morrer)
Vamos a uma sessão de cabeleireiro para descontrair?
Saiu um filme novo.
O benfica vai jogar."

Reticências... TANTAS!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

"Carta ao meu País"


"Tantas vezes tive raiva de não saber sair de ti. As palavras que me deste têm um travo de irremediável lonjura, uma velhice de sol e lágrimas sem silêncio nem coragem onde o coração sossegue. Ensinaste-me a ser ousada em segredo e sonsa nos salões de benzedura. Falas como quem reza, baixinho, e insultas com palavras de pedir perdão, de rastos, de rajada, ta-ra-ra-ta, inchando o peito de eucalipto como se nele rugissem as selvas de África que, na verdade, nunca tiveste. Mas que te importa a verdade? Nasceste homem, talhado para o abstracto da glória, para o heroísmo, vertiginosa ficção. Nasceste homem, cresceste a negar a tua própria mãe, apaixonaste-te pela inteligência cosmopolita da distância, mas casaste sempre com as mulheres de dentro, as que admiram e choram e sabem fingir que querem morrer por causa de ti.

(...)

Amas-me aos soluços, pelas esquinas, no ventoso veludo das noites de Lisboa, e depois deixas-me a ver navios, com uma gargalhada nem sequer cruel, nem sequer derradeira, no guincho dos eléctricos da manhã."

Baú aberto:

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Lisboa, Lisboa, Portugal
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

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